Repúdio à Parceria Público-Privada (PPP)
Na teoria, um
instrumento para viabilizar projetos fundamentais relacionados ao crescimento
do país; na prática, uma ação que não prioriza o social, visando exclusivamente
o lucro
A Parceria Público-Privada (PPP) é um contrato de prestação de serviços
de médio e longo prazo – 5 a 35 anos – efetuado pela administração pública,
entendendo-se que o valor não deve ser inferior a vinte milhões de reais e que
é vedada a celebração de contratos que tenham por objeto único o fornecimento
de mão-de-obra, equipamentos ou execução de obra pública.
Na PPP, a implantação da infraestrutura necessária para a prestação do
serviço contratado pela administração dependerá de iniciativas de financiamento
do setor privado. Além disso, para que a PPP seja oficializada em determinada
cidade, é necessário que ela seja aprovada pelo legislativo.
Na teoria, a PPP é um instrumento que viabilizaria projetos importantes
quanto ao desenvolvimento do país, mas na prática, não é assim que funciona.
São inúmeros os exemplos em que a parceria se transformou exclusivamente numa
forma de obtenção de lucros para o setor privado, colocando de lado o mais
importante, que é a priorização da questão social.
O SINSPMAR enxerga a PPP como algo perigoso. “A PPP interfere exatamente
no que é público. A política pública que tem investimentos públicos oriundos de
impostos, programas federais etc., vai passar para as mãos de empresas
privadas, que explorarão esses recursos públicos recebendo um lucro em cima dos
serviços prestados à população. É uma inversão do estado democrático de
direito, onde o estado é responsável em oferecer as políticas públicas de
acordo com as necessidades da população”, explica a presidente do sindicato,
Ana Maria Bezerra Barbosa, que continua. “Quando você tem uma empresa privada,
o objetivo dela é o lucro. Portanto, ao sermos atendidos por essas empresas,
estaríamos pagando uma taxa muito maior do que já pagamos hoje. A gestão dos
recursos públicos deve ser feita com competência, e os servidores públicos são
qualificados para prestarem esses serviços à população. Se já temos de um lado
o recurso público e o pessoal qualificado para oferecer o serviço à população,
o precisamos, de fato, é de um gestor com competência e compromisso com o
serviço público de qualidade.”
A intervenção das empresas privadas na execução das políticas públicas
vai minando aos poucos a carreira do servidor público, bem como o estado responsável
por executar tais deveres. Dessa forma, o neoliberalismo impõe suas regras,
fazendo com que direitos do cidadão se transformem em mercadoria.
Antes de qualquer tomada de decisão a respeito das PPP’s não só apenas
em Angra dos Reis, mas em todo o Brasil, o essencial é que a população receba
informações sobre o assunto, para que entenda o que está em jogo com essa
parceria. “Hoje, o serviço público mudou. Temos que entender que ele é
diferente, que oferece esse modelo de Parceria Público-Privada. Mesmo assim,
acredito que a discussão sobre esse modelo não deveria acontecer agora, nesse
momento tão difícil que Angra dos Reis passa. A PPP é uma transferência do
serviço público para o privado. Quem vai fiscalizar isso? Será criada uma
agência para acompanhar isso, mais um órgão dentro do município, criando mais
uma despesa?”, questiona o militante na área educacional, Moacir Luiz de Souza
Filho, conselheiro da Escola Municipal Tânia Rita de Oliveira Teixeira, no
Belém. “Já tem gente se movimentando na cidade para discutir isso, gente
bem-intencionada e gente mal-intencionada. Mas o momento é complicado para
isso”, sugere Moacir Luiz.
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