Luta dos servidores é legítima e continua com fôlego - Prefeitura está ferindo a Constituição Federal e a Lei Orgânica de Angra ao atrasar o pagamento de salários e se negar a dar reajuste

A greve dos servidores públicos de Angra já se aproxima dos 60 dias e mesmo assim a prefeitura insiste em não dialogar com os trabalhadores. Apesar de diretores do Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Angra dos Reis (Sinspmar) e de membros da comissão de greve dos servidores terem feito diversas reuniões com o secretário de Administração e Desenvolvimento de Pessoal, Acílio Peixoto, a prefeitura optou por não dar prosseguimento à negociação e entrou com uma ação judicial contra o movimento.

Esta postura apenas reforça a falta de compromisso da prefeitura com os trabalhadores, pois uma ação jurídica estava sendo montada durante todo o processo de negociação salarial e aquilo que foi dialogado durante as reuniões com Acílio Peixoto foi descumprido por esta ação. A falta de transparência é tamanha que, mesmo após admitir que os servidores têm direito a reajuste, o Executivo optou por interromper as negociações e informou que só pretende retornar a dialogar com os trabalhadores no dia 15 de agosto.

“Ao judicializar a greve, a prefeita está tentando tirar o foco da nossa causa. Este movimento busca a garantia dos direitos dos servidores municipais. Entrar com uma ação na Justiça não vai mudar o fato de que a prefeitura está descumprindo a Constituição Federal e a Lei Orgânica de Angra”, afirmou Ana Maria Bezerra Barbosa, presidente do Sinspmar. “O que é preciso ficar claro é que os servidores não estão fazendo nada de errado. Estamos lutando para que a prefeitura cumpra com o seu papel de gestora do município e que faça políticas públicas que contribuam para o desenvolvimento da nossa cidade”, completou a sindicalista.

As afirmações de Ana Maria são embasadas no fato de Angra dos Reis ter a previsão orçamentária de R$ 1 bilhão para 2015 e, mesmo assim, afirmar que não é capaz de pagar os salários dos servidores em dia e nem dar nenhum tipo de reajuste.

“Não são apenas os servidores que estão sendo afetados por essa forma de governar, mas toda a população. Todos nós estamos sendo negligenciados pelo Executivo Municipal. Estamos falando de uma cidade que tem menos de 200 mil habitantes, que possui um orçamento de aproximadamente R$1 bilhão e cujos serviços de saúde, educação e saneamento são precários. Então fica a pergunta: que políticas públicas estão sendo desenvolvidas para a população?”, questionou Ana Maria Bezerra Barbosa.

Mesmo esta greve atual sendo a mais longa da história do funcionalismo público angrense, a prefeitura continua apresentando como “proposta” não dar reajuste salarial em 2015. Já a categoria reivindica o fim dos atrasos no pagamento dos salários (o que vem ocorrendo há 11 meses), o reajuste de 10,18% (7,68% correspondente ao índice anual de inflação, mais 2,5% de ganho real, baseado no PIB de 2013), além do abono dos dias parados nas greves do ano passado e deste ano.



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