SINSPMAR em debate sobre o setor público
Evento realizado no Rio de Janeiro teve como
temas principais os desafios da negociação coletiva e as finanças e
transferências governamentais
A diretoria do
Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Angra dos Reis (SINSPMAR)
participou na última quarta-feira, 12 de setembro, de uma atividade integrante da II Jornada Nacional de Debates do Setor Público. Organizado pelo Departamento
Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (DIEESE), o evento, que
aconteceu no auditório do Conselho Regional de Economia do Rio de Janeiro
(CORECOM-RJ), reuniu mais de 40 pessoas em torno de uma temática relacionada ao
gasto e à receita do setor público em todos os níveis – União, Estados e
Municípios.
A palestra do
técnico do DIEESE de Brasília, Alexandre Sampaio Ferraz, norteou o evento.
Antes dela, outro técnico do departamento intersindical, Carlos Jardel – Rio de
Janeiro –, fez a abertura da reunião. “O serviço público é de interesse de toda
a sociedade. Temos que nos empenhar por um serviço público de qualidade. Nós
financiamos o setor público, escolhemos nossos representantes e somos os
usuários”, declarou Jardel.
Um volume de terceirização injustificado
A 2ª Jornada
Nacional de Debates do Setor Público foi iniciada no dia 3 de setembro, com
término previsto para o dia 3 de outubro. No evento de quarta-feira, às 15h30,
o palestrante Alexandre Sampaio falou sobre assunto como o link entre
conjuntura econômica e arrecadação. “Temos visto uma tentativa do governo em
estimular a economia em meio a uma crise econômica, desonerando alguns setores
econômicos e arrecadando menos. Quando isso acontece, ele limita a sua própria
capacidade de ação, num momento em que a sociedade pressiona por respostas.”
O técnico do
DIEESE de Brasília também esclareceu uma informação erroneamente defendida pelo
senso comum em se tratando da arrecadação. “O Brasil não tem muito imposto. Se
considerarmos o país como desenvolvido, vamos perceber que ele é um dos que têm
a menor carga tributária. Não é a carga tributária que tem que mudar, mas sim,
a lógica tributária, para que o trabalhador não seja penalizado”.
Ao falar da
terceirização, que ganhou força na década de 90, durante a onda de reformas
neoliberais e da reestruturação produtiva, Alexandre Sampaio explicou. “A
terceirização é um fenômeno muito amplo. Ela está muito associada à
flexibilização da mão de obra. É um absurdo o número de comissionados que o
país tem. Ele é justificado em casos de chefia, mas injustificado nesse volume
todo. O custo com o contratante – empresa – é maior do que com o contratado –
trabalhador – e com os gastos com FGTS, entre outros. Com o Regime Jurídico
Único há uma economia em relação ao celetista.”
Alexandre
Sampaio ainda tocou num ponto importante, relacionado ao estímulo dos
servidores na área pública. “O principal fator que vai afetar a qualidade do
serviço público é o salário”.
Espaço para o debate
Ao final da palestra,
os participantes ainda puderam expor dúvidas, esclarecimentos e opiniões sobre
os temas propostos durante o evento. Ao lado do vice-presidente do SINSPMAR,
Flaviano Eugênio, da diretora social da entidade, Maria Aparecida Souza dos
Remédios, e da segunda tesoureira do sindicato angrense, Leomárquia Gonçalves
da Silva Libório, a presidente do SINSPMAR, Ana Maria Bezerra Barbosa,
representou o grupo. “É uma tarefa muito difícil para os sindicatos organizar
os trabalhadores do serviço público na intenção de que eles enxerguem o que
está acontecendo, as dificuldades que o governo vem colocando para o exercício
do serviço público. Todo empenho dele está voltado à desqualificação de um
serviço público de qualidade, deixando de fornecer aumento salarial e condições
dignas ao trabalhador. Estamos vendo isso acontecer a todo tempo, e é um grande
desafio combater essa prática. Em Angra temos buscado entendimento junto ao
trabalhador, mostrando que a presença dele nas trincheiras dessa batalha é de
total importância”, disse a presidente do sindicato, antes de completar. “O
Regime Jurídico Único fornece ao trabalhador o status de funcionário público,
com fé pública, suas responsabilidades regidas por lei própria e seu
compromisso com uma ação sempre orientada para atender às necessidades da
população. O terceirizado, não: ele tem o compromisso com a empresa”.
Por último, mas
não menos importante, os participantes da reunião falaram sobre o Projeto de
Lei 4330 (PL 4330), que regulamenta a terceirização nos serviços público e
privado. Todos que se manifestaram a respeito do PL 4330 são contrários a ele.
De acordo com o projeto, a
empresa contratante é responsável subsidiariamente pelas regras trabalhistas
inerentes ao período em que ocorrer a prestação de serviços. Caso seja
aprovado e se transforme em lei, será derrubada a norma do Tribunal Superior do
Trabalho (TST) que veda a contratação de terceirizados para as atividades-fim
da empresa. Na prática, isso destruiria o Estado construído na Constituição de
1988, voltada para o atendimento das necessidades da maioria da população
dentre outras conquistas. Uma audiência pública sobre o PL 4330 será realizada
no dia 18 de setembro, às 10h, no plenário da Câmara dos Deputados de Brasília,
na intenção de aprofundar as discussões sobre o assunto com as entidades
sindicais e parlamentares.
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